A consciência negra para além do 20 de novembro
- Luiz Henrique B. Carvalho
- 3 de dez. de 2018
- 2 min de leitura
Na sombra ambígua do fim de tarde, em que não se sabe direito se é noite ou dia, as portas do auditório do CIC, no campus da Ufal, abriam e fechavam para que algumas cadeiras, aqui e ali, fossem ocupadas. Em poucos minutos, começaria um debate promovido pelo portal Bara Ô! para dialogar sobre a importância da luta contra a intolerância racial ao longo do ano inteiro, para além de um único dia, ainda que isso não esvaia sua importância.
A mesa redonda foi composta Lígia Ferreira, diretora do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros, Anderson Serpa, pai de santo e juremeiro, Carlos Martins, mestre em sociologia e autor de dois livros, Ana Carla de Moraes, professor de dança e feminista negra, Negro Jonathan e Diego Bernardes, CEOs da Rede Cenafro e uma surpresa agradável – convidada por Ana Carla para complementar sua fala, a aluna de jornalismo Brunna Moraes. Todos os convidados trouxeram diferentes olhares sobre a questão racial e conseguiram convencer os poucos ouvintes a ficar até o último minuto.

“Ano que vem, não me chamem pra nenhuma palestra no dia 20 de novembro que eu não vou!”, desabafou Brunna, ao se sentar na mesa diante dos aplausos. O tema provocativo do debate – a consciência negra para além do 20 de novembro – foi elogiado pelos palestrantes. Brunna, em seguida, admite que aceitará os convites mesmo assim, porque do contrário, não haverá ninguém para ocupar esses espaços, cuja relevância ainda é muito importante.
Lígia, Brunna e Ana Carla representaram a força feminina negra. “Quando uma mulher negra fala, a gente abaixa a cabeça e ouve”, explicou Negro Jonathan, ao ressaltar a resistência das “pretas”, que além de enfrentarem as dores do machismo, ainda precisam passar por cima dos obstáculos que a cor da sua pele impõe.
Ao final da mesa, entre aplausos e elogios, o que se estampava no rosto tanto dos convidados quanto dos ouvintes era satisfação. Satisfeitos em terem ocupado mais um espaço de resistência e ecoado suas vozes de luta.
Comments