“Segundo Sol” reforça demonização das religiões de matriz africana
- Luiz Henrique B. Carvalho
- 13 de set. de 2018
- 1 min de leitura
O capítulo da novela “Segundo Sol” transmitido na última segunda-feira (10) pela Rede Globo retratou uma oferenda a Pomba-Gira como forma de agradecimento a um assassinato encomendado. A cena desagradou membros de religiões de matriz africada e repercutiu negativamente nas redes sociais.

A personagem Laureta, interpretada pela atriz Adriana Esteves, realiza um “ritual” em sua casa após ter encomendado o assassinato do personagem Remy (Vladimir Brichta), resultado de um jogo imoral de trapaças, desvios, indecências e ilegalidades. No ritual, a personagem, de branco, acende velas vermelhas e pretas ao redor de rosas e serve champanhe a uma taça no chão, enquanto contempla o luar e diz que precisa de “todo o além reunido” a ajude. A cena é marcada por uma penumbra macabra, apoiada pela trilha inquietante. Tudo nessa composição audiovisual de pouco menos que dois minutos contribui para o reforço da intolerância e da demonização das religiões de matriz africana.
Além do fato, é claro, da índole de Laureta. Cafetina, egoísta, sociopata, materialista e inconsequente. Esta é a única personagem da novela que se veste de branco para pedir proteção aos orixás em tempos de agonia. Com isso, João Emanuel Carneiro, autor da teledramaturgia em questão, presta um desserviço ao combate da intolerância religiosa, reforçando símbolos pejorativos associados ao povo de terreiro.
Confira a cena na íntegra aqui.
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